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terça-feira, 22 de outubro de 2013

SEDE

Oi.

Quanto tempo não venho aqui.

Tudo que tem me sugado ultimamente, chama-se trabalho. O trabalho e a vontade de tocar aquilo que me toca. E até aqui, já derramei algumas lágrimas. É que somos tão seres humanos!

Você passa a maior parte do seu tempo tentando fazer o melhor, e a noite pega o seu livro e lê e entende a forma empírica sobre quanta desigualdade social existe mas, olha pra si mesmo, e se vê completamente desafinada. Mais desafinada e desajustada que o mundo que a cerca. E de alguma maneira, se sente despreparada para se organizar e organizá-lo.

Tá faltando algo...

AH! Quantos sonhos humanísticos. Quantas vontades de idealizar o bem.

Mas como sair a procura do encontro do universo, se aqui, no meu mundo interno, falta aquilo que quero tocar? E quanto mais eu penso em meu trabalho e nas visões políticas, mais eu me lembro que aquilo que quero tocar, não quer ser tocado. Não por mim.

Pudera eu, ter um coração voltado apenas para as causas sociais e fazer disso, lema de toda a minha vida. Mas há uma sede em um mundo surreal pedindo para voar. Pedindo para ser acalmada. Pedindo para tocar aquilo que a tocou. Pois aquilo que se fazia morto aqui nesse mundo interno, de alguma maneira, por algo, foi tocado. 

Eu deixei que fosse tocado, porque antes de ser tocado de fato, já havia tido um toque interior.

E essa sede cresce. Aumenta como se fosse me dominar por completo. 

E quanto mais eu penso em todas as missões que quero e irei fazer, e quanto mais eu penso em tudo aquilo que possa me tornar SER HUMANO, mais a sede aperta. A sede me deixa sem fôlego. A sede me deixa em um estado completamente real de pranto, angustia e... sem toque.

Ora, seria tão mais fácil não ter a sede. Não sentir falta de sucumbí-la ou de querer fazer dessa sede, uma fonte de recursos provenientes da falta que se(me) faz.

Estou desconcertada. Sem nexo. Sem anexo. Sem eixo da gravidade passional. Me sinto estranha. Anha. Nha. Aliás, já não sinto nada, além de SEDE.

Eu não me sinto. Eu só te sinto.

E para fazer com que a sede se torne ainda mais grave, ela absorve um ponto de esperança. Ela ainda anseia poder tocar aquilo que a tocou. Ela acredita, de alguma forma, que esse toque será feito. E ai, com toda essa esperança de toque, a angustia e o sofrimento interior, estão mais aflorados do que nunca.

Porque o meu mundo surreal, que nunca havia sido antes, foi tocado. E isso, no espírito da minha alma, necessita tocar aquilo que o tocou. 

Só há sede, e mais nada...

E assim, para com aquilo que me tocou, eu só queria dizer: "Ei, você! Dai-me de beber"!